“Os tentilhões”
Tarde de primavera, quente, adiantada.
Um sesta bem dormida na varanda, frente ao pomar.
Uma invasão de tentilhões, cantando, chilreando,
perturbando o meu sono, vandalizando a minha fruta,
cerejas, ginjas e nêsperas.
Lauto banquete estava fazendo a passarada.
Eu gritei, tentando afastar o bando: Porquê eu?
Porquê só no meu pomar?
O tentilhão mais chilreador, qual “tentilhão-palrador”,
virou-se para mim com voz de gente e me disse:
- Porque aqui tem a fruta melhor. Mas... para nos perceberes
terás que encontrar alguém que nos conheça bio e fisologicamente bem.
Alguém com poder de análise, que nos conheça por dentro e por fora.
Procura, busca, explora.
Encontra, chega à fala, explica, acha a razão.
Pede, implora.
Ela te dirá coisas lindas do passado e do presente.
Ela é bela.
Ela não mente.
Desinquieta-te, que nós vamos embora,
quando com esse alguém te acertares e nos passares a entender.
Não esqueças que, como tu, somos aves de arribação.
Mas...
- Oh não, não, não! É escusado, nunca te direi onde ela mora!
Joe Ant!?
ResponderEliminarSeu pomar anda bem freqüentado!
Lindo texto!
Que belíssima imagem!
ResponderEliminar