domingo, 8 de maio de 2011

Sonho inquietante...



“Os tentilhões”

Tarde de primavera, quente, adiantada.
Um sesta bem dormida na varanda, frente ao pomar.
Uma invasão de tentilhões, cantando, chilreando,
perturbando o meu sono, vandalizando a minha fruta,
cerejas, ginjas e nêsperas. 
Lauto banquete estava fazendo a passarada.
Eu gritei, tentando afastar o bando: Porquê eu? 
Porquê só no meu pomar?
O  tentilhão mais chilreador, qual “tentilhão-palrador”,
virou-se para mim com voz de gente e me disse:
- Porque aqui tem a fruta melhor. Mas... para nos perceberes
terás que encontrar alguém que nos conheça bio e fisologicamente bem.
Alguém com poder de análise, que nos conheça por dentro e por fora.
Procura, busca, explora. 
Encontra, chega à fala, explica, acha a razão.
Pede, implora.
Ela te dirá coisas lindas do passado e do presente. 
Ela é bela.
Ela não mente. 
Desinquieta-te, que nós vamos embora, 
quando com esse alguém te acertares e nos passares a entender. 
Não esqueças que, como tu, somos aves de arribação.
Mas...
- Oh não, não, não! É escusado, nunca te direi onde ela mora!

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