segunda-feira, 20 de junho de 2011
Investigação "nua e crua"...
Rãs (ou ranas), sapos e outros batráquios...
na obra de "Camões"
Aproveitei os feriados prolongados para pesquisar e
investigar sobre os seres em questão inseridos em
toda a obra de Luis Vaz de Camões.
Depois de aturado trabalho, encontrei menção a
muitos seres (mastodontes, sereias e outros seres míticos)
mas nada sobre quaisquer "batráquios" em pesquisa.
Achei que, assim, só os poderia encontrar, algo
subentendidamente a meu ver, no poema que segue:
Descalça vai para a fonte
Lianor pela verdura;
Vai fermosa, e não segura.
Leva na cabeça o pote,
O testo nas mãos de prata,
Cinta de fina escarlata,
Sainho de chamelote;
Traz a vasquinha de cote,
Mais branca que a neve pura.
Vai fermosa e não segura.
Descobre a touca a garganta,
Cabelos de ouro entrançado
Fita de cor de encarnado,
Tão linda que o mundo espanta.
Chove nela graça tanta,
Que dá graça à fermosura.
Vai fermosa e não segura.
****
"Descalça vai para a fonte"...
Nesses tempos de "mil-e-quinhentos-e-troc-ó-bicos"
as fontes eram de àgua de nascente, sempre corrente,
com grandes bebedouros de pedra-trabalhada, do qual
corriam para fora as àguas remanescentes, formando
um pequeno córrego deslizante pela inclinação do terreno.
Tanto no bebedouro, como no córrego, eram passíveis
de existirem râs (ou ranas), sapos, salamandras e outros
batráquios. No terreno, em perfeita verdura, vermes ou
insetos.
Na fonte, por via do bebedouro, era local de possível
enamoramento, por isso o dizer-se:
"Vai fermosa e não segura", formosa, bela, como descrita
no resto do poema, não segura, ansiosa, receosa, e muito
esperançosa de "encontrar seu bem-amado" e com ele dar
"dois dedos de prosa" ou outros toques "manuais".
Talvez também houvesse um escaravelho rolando uma
bola de esterco proveniente dos dejetos das bestas que ali
vinham beber.
****
Assim, passei ao largo da pesquisa sem encontrar
qualquer um dos seres investigados, sem vislumbrar
o ser principal, que era, no fundo o cerne de toda
a investigação.
Nem mesmo qualquer sereia!
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Deixo aqui um presente que foi dado num Dia das Mães, pelo meu lindo e sensível filho. O meu anjo Rafael
ResponderEliminarA mutabilidade das coisas
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
muda-se o ser, muda-se a confiança;
todo o mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
diferentes em tudo da esperança;
do mal ficam as mágoas na lembrança,
e do bem (se algum houve), as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
que já coberto foi de neve fria,
e, em mim, converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
outra mudança faz, de mor espanto,
que não se muda já como soía.
Luís Vaz de Camões