quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Superstiçoes, gatos negros e contos de encantar...

Já disse o poeta (Vinicius de Moraes) que não há nada mais triste do que um gato morto.........
E é verdade......todos os dias desta semana, nos 9 kms que tenho que repetir 4 vezes, naquele ponto da estrada, tal qual um sinal de trânsito derrubado pelo vento da noite, está um gato de olhos mortos. Um gato preto de olhos mortos.
Olhos, e corpo, que a vida foi-se embora sem despedida prévia, ali mesmo na curva depois do caminho de cabras. Já há 3 dias, e aqueles olhos vazios sempre me cumprimentam, sem expressão nenhuma que não seja o do abandono da alma (sim da alma, porque os gatos têm alma, uma alma muito antiga, mais antiga que eu, mais antiga que o mundo inteiro), e eu olho de soslaio, porque me incomoda a ausência neles.
A pelagem baça, as orelhas ainda afitadas e...os olhos sem olhar de espécie alguma, só uns olhos de vidro assoprados.
Tenho medo daqueles olhos. Não têm dor, nem ódio, nem raiva, nem nada. Minto... só têm nada.´
Era um gato preto, de andar felino, elegante, de certeza que olhava para as cabras, para o pastor e até para o cão malhado com aquele olhar superior que têm os gatos pretos vivos.
E agora, depois da velocidade da curva, aquela logo depois do caminho de cabras, ficou lá, a dormir um sono sossegado, sem sobresaltos, um sono da cor da estrada, baça acinzentada como o rato que perseguia quando a curva o alcançou a ele primeiro.
Coitado, perdeu a corrida, e agora dorme de cansado, o gato preto de olhos mortos.


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Hoje ao ouvir na rádio a música do Roberto Carlos "Negro Gato" 
lembrei-me de um pequeno conto, já lido há algum tempo no 
blogue "Mel de Vespas" e, resolvi transcrever e colocar no meu blogue.
Não é que um arruaceiro de um "gato preto vadio" que vagueia 
no meu bairro se veio postar fronte à minha janela 
miando provocadoramente!


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PS: Clique no nome do post "O GATO MORTO" para ver a origem do post.

2 comentários:

  1. "Sete vidas tenho
    para viver
    sete chances tenho
    para vencer
    mas se não comer
    acabo num buraco"

    Joe Ant.
    Ele estava com fome!

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  2. xiiii do que o Joe se foi lembrar!
    este texto já tem uns bons 3 ou 4 anos eu acho. e a verdade é que foi fruto de uma vivência real. o gato foi aropelado e ficou ali na berma da estrada a lembrar quem passava a sua sina cruel.
    Obrigada outra vez pele deferência.
    Beijo muito grande e bom fim de semana

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