Quando caiu o muro de Berlim pensou-se que a estratégia da guetização, como forma de isolamento de um povo e amputação da sua liberdade de movimentos, tinha sido apagada da história do nosso tempo. Piedosas criaturas, políticos campeões da liberdade e dos direitos do homem, inquietaram-se durante décadas com o muro levantado à volta de Berlim, que classificavam de ignomínia. Alguns, na ilusão de que o seu derrube significava o fim da história, apressaram-se a apregoar um mundo novo, liberto desses constrangimentos totalitários. Afinal, não só a história não acabou -- mea culpa Fukuyama! -- como o muro voltou a funcionar como instrumento de domínio político e de subjugação de populações. Surpreendentemente, deixou de se ouvir o clamor dos protestos de muitos campeões da liberdade e dos direitos do homem, matéria, onde, pelos vistos, há sempre dois pratos e várias medidas. Há muros que são melhores que outros... Quem fala do muro que Israel edificou na Cisjordânia? Começou a ser construído em 2002, o Tribunal Internacional de Justiça decidiu, dois anos depois, que o governo de Israel devia derrubar essa barreira que já tinha 413 quilómetros de comprimento. O muro é um sinal de não-futuro para os territórios ocupados, um ultraje à dignidade dos palestinianos, uma lâmina apontada ao quotidiano de um povo, um veneno contra a Paz. É outro muro da vergonha. Que cresce à margem da lei internacional, como impunidade consentida. Que vergonha!
Fernando Paulouro Neves (Jornal do Fundão)“Não quero que a minha casa seja cercada de muros por todos os lados
nem que as minhas janelas sejam tapadas.
Quero que as Culturas de todas as terras sejam sopradas para dentro da minha casa,
o mais livremente possível.
Mas recuso-me a ser desapossado da minha, por qualquer outra.”
Era bom que isso acontecesse
ResponderEliminarQue muros jamais houvesse
Entre humanos e espaços geogáficos
Num Planeta que vemos esmoronar
E com a maioria sempre a complicar
E mais muros inventar...erguer, alargar......