domingo, 17 de julho de 2011

Uma janela sobre o mundo...



HÚMUS DE AMANHÃ

Não quero que vejas
nem sintas
a dor que me amargura;
 

Não quero que vejas
nem vertas
as lágrimas do meu pranto.
Deixa que eu chore
as mágoas e as desilusões;
deixa que eu deambule;
deixa que eu pise
a calidez do chão desta terra
e o regue até com o meu suor;
deixa que me toste
sob este sol inóspito
que me dardeja o lombo sempre arqueado…
Este penar
é o resgate da esperança
que em ti alço!
Este penar
é a certeza do amanhã que vislumbro
na tua ainda incipiente idade!
Não quero que vejas
nem sintas
meu tormento
ele é o húmus do Homem Novo.

JUVENAL BUCUANE
(Moçambique)

2 comentários:

  1. José,
    A imagem aliada às letras de "Juvenal Bucuane" retratam o profundo pesar do "Húmus de "Amanhã" possuído de uma beleza rara e, incalculável.

    Agradeço a sua escolha e, o privilégio de facultar-me o conhecimento deste escritor moçambicano.

    Ana

    ResponderEliminar
  2. Palavras lindas, mas sangradas e ...reais ! Um exeplo de coragem e dignidade no meio de tanto sofrimento !

    Bom sería, Joe, que o mundo assim não fosse. Mas é...

    Desgarre-se das tempestades e sofrimento. Largue o seu posto de eremita e venha cá para fora sentir o sol !

    Gostaría de o ter conhecido no lançamento do livro da Paula, nossa querida De Profundis...

    Fique bem.

    ResponderEliminar