"Mais do que morrer sozinho, o grande medo é viver sozinho e envelhecer como tal."
Saíu-me esta frase num comentário a um outro blog e ... gostei ... no imediato fez e faz todo o sentido. Morrer é um momento mais ou menos doloroso ... mais penoso se for na solidão. Viver sozinho e persistir como tal, talvez por opção, talvez por assim se preferir ao invés de não viver, sofrivelmente acompanhado, acaba por ser morrer todos os dias um pouco, lenta e sofridamente. Enquanto jovens esta ideia pode ser mais ou menos dissimulada e salpicada de outros matizes ou camuflada de...
interesses vários e dispersos, de preferência com o propósito de não parar para sequer pensar nisto : "_Estou sozinho mas estou bem e assim quero continuar!". Mas os anos passam e as faculdades físicas e mentais poder-se-ão perder no tempo, pouco a pouco, deixando-nos a irremediável sensação de que não podemos tudo. Envelhecer é o que realmente me assusta e entristece. Envelhecer sozinho aterroriza-me a ponto de ficar fisicamente indisposto. A ideia desta evidência ser muito provável nos tempos do Homem actual deixa-me em agonia, na certeza de que a morte poderia surpreender-me antes do fim dos tempos, apanhar-me de surpresa mas sem dor, imiscuir-se no silêncio sem se permitir a ser consciente ... absolutamente letal e apagar-me desta espécie de vida numa fracção de segundo. Num espaço de tempo óptimo ( não para já, claro!), seria bem-vinda ou, pelo menos, o menos pesaroso dos males. Mais do que a dor da morte, o que não me agrada mesmo é a dor de uma vida que não é a nossa, a sensação de fraude, de insuficiência, de frustração por não nos terem consultado sobre o que queríamos quando nos colocaram neste espectáculo animado, neste palco que afinal, não raras vezes, é apenas uma galeria das traseiras. Quem me conhece sabe que eu quero o palco e não um palco qualquer
...
Talvez esteja a ser muito egoísta, admito que sim, até porque nada me agride mais que a morte de pessoas queridas ...
No fim, não seremos todos verdadeiramente egoístas?! ... no fim último, não estaremos todos muito sós?! ... no fim, não bebemos todos da prisão dos nossos infernos pessoais?! ...
Brama
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Bem haja amigo. Não comentei o texto acima, apenas resolvi dar-lhe relevo por ser tão consentâneo com as longas horas que passo pensando no assunto.
(Clique no título "Corrida para a solidão" para ver a origem deste texto e apreciar os diversos temas
deste blogue >> Lava Flow <<> incorporado nos meus "blogues amigos")
Ai como quase sufoquei ao ler este texto! Eu não tenho ousado desabafar tão realisticamente. Ou será que sim? Mas a tristeza de estar sozinha afectivamente e ir envelhecendo assim é uma das minhas tristezas profundas. Continue a escrever que eu estou a gostar de ler o que escreve ou coloca de outras fontes. Um abarço da
ResponderEliminarDocetere
O Brama, do "Lava Flow", de cuja fonte inseeri este post, até que nem é uma pessoa considerada terceira idade,é bastante eclético.
ResponderEliminarAborda todos os assuntos com uma profundidade que, por vezes, leva as pessoas a pensarem que é um "velhadas". Talvez seja por defeito do trabalho: "Professor".
Vejo que, de certo modo, a Tere e eu são pessoas que sofrem, apesar de tudo, do mesmo mal.
Tere o meu bem haja pelo seu comentário.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarComo é desgastante a vida de professor!
ResponderEliminarÉ uma situação mais ou menos parecida com a do post acima: cada ser humano é um universo particular, portanto, uma cultura diferente.
ResponderEliminarNão é uma questão de ser egoísta, ou não. Até mesmo o egoísmo é relativo. Se por opção, viver sozinho por certo é uma decisão sensata para quem o pratica.
Um abraço!
Obrigada pelas respostas aos comentarios Oliver
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