domingo, 9 de novembro de 2008

Moda das motos !!! (SIC - 8 Outº)


Uma aldeia de motoqueiros 

Babe, uma aldeia localizada em plena Lombada, no concelho de Bragança, é uma aldeia de motoqueiros. Em cerca de 10 anos o número de moto4 passou de três para perto de 70. Na localidade velhos e novos aderiram à motorizada de quatro rodas e agora não querem outra coisa. Alguns adaptaram as motos a novas funções e agora usam-na como transporte para os terrenos agrícolas.   

A Moto 4 (M4), ou seja veículos motorizados de tracção às quatro rodas, virou, definitivamente uma moda em Babe, no concelho de Bragança. Actualmente estima-se que existam entre 60 a 70 motos. São poucas as famílias que não têm uma, ou mais. Novos e velhos aderiram ao transporte motorizado, tal como antigamente usavam os quadrúpedes. Houve um ano em que foram adquiridas 30 motos.   
 
A leva das moto4 começou, mais ou menos, há 10 anos e desde então tem sido um ver se te avias a corrida à aquisição deste meio de transporte, que é robusto e vai a quase todo o lado, um veículo bem adequado às inclinações das ruas de Babe, mas também ao acidentado dos terrenos agrícolas. Manuel António Fernandes, de 55 anos, foi dos primeiros a aderir a M4. Na altura só ainda existiam umas duas, ficou fascinado com as suas potencialidades, “encanta logo tudo, só apanhar aquele arzinho já sabe bem”, contou. A moto é de grande uso na sua família, quem mais a usa é a esposa, para ir à horta, “vai lá buscar comida para os animais, vai regar, e buscar hortaliça, vai e vem nela”, conta o marido. Afinal, a moto é mesmo melhor do que um burro, “para burros já chegamos nós”, diz o agricultor em plena gargalhada.
Manuel António Fernandes está convicto de Babe é a aldeia que tem mais M4 na região e quem sabe no país. “Começou um depois foi toda a gente atrás, sabe como é o pessoal, se um tem o outro quer ter nem que vá saber do dinheiro a casa do diabo, só não roubam”, explica. As motos não são baratas, custam quase sempre acima dos cinco mil euros, “a minha custou há 10 anos 1200 contos (6 mil euros), mas o investimento compensou porque a nossa nunca sai dó de passeio, quando sai é para trabalhar”.
 
As vantagens são muitas, no consumo, os pneus são mais baratos, vira em pouco espaço, é fácil é de conduzir. “Logo se aprende”, confirma, mas não desmente que podem ser perigosas “se não se segurarem bem, é preciso não abusar nem esquecer que podem atingir velocidades de 120km/hora, atingem-se depressa, se num caminho de terra batida apertarem com aquilo não há quem apanhe o bicho”.
 
A grande surpresa das motos é Isabel Fernandes, que nunca havia imaginado que virados os 50 anos ainda haveria de se transformar numa motoqueira. Nunca tal ideia lhe tinha passado pela cabeça, nem nos sonhos mais remotos. A vida tem surpresas e eis que Isabel Fernandes trocou o burro pela mota, com ganhos significativos, segundo ela. Num instante se desloca à horta ou lameiro mais longínquo e transporta nabiças, beterrabas e feno, na sua moto. Enfim, uma vida que já não se concebe sem a moto4. “A moto é a minhas pernas, vou para todo o lado nela, nem sei o que seria sem ela, é melhor do que um burro”, confessa a agricultora.
Não é vulgar ver mulheres a conduzir motos em Trás-os-Montes, muito menos moto4 e muito menos ver agricultoras aficionadas de tal transporte e com esta idade é mesmo caso único. As vestes de cabedal dos motardes foram substituídas pelo avental e lá vai ela a correr buscar os animais ao lameiro.
As circunstâncias ditam muitas vezes o futuro e neste caso foi mesmo isso, ou não fosse Babe uma terra de motoqueiros das quatro rodas. Actualmente, existem na aldeia cerca de 70 moto4, praticamente todas as famílias têm uma ou mais. A família de Isabel Fernandes não é excepção. Compraram o veículo há 10 anos, e o filho, agora a residir em Lisboa, encasquetou que a mãe havia de aprender a andar de moto. Mas a coisa não esteve para docilidades.
 
Nunca tinha andado, a primeira vez foi complicado. Fez-se à estrada com o filho, ele atrás ela à frente, foram treinar para a eira. “Eu só gritava eu mato-me, eu mato-me”, recorda a agricultora. O filho é que não esteve para meias medidas e teimou, chegando a levá-la para uma grande ladeira, a fim de ela perder o medo: “Ui, eu fartei-me de gritar que era o fim da minha vida, eu só lhe dizia mais quero vir da pé (a pé), essas motos são perigosas, bô”, contou com o seu sotaque da Lombada. Água mole em pedra dura, tanto bate que fura e, neste caso, a persistência resultou. “Devagarico, devagarico lá comecei a conduzir no campo da bola, que é direitinho”. Ainda caiu três ou quatro vezes. Na sequência de uma das quedas esteve um mês sem, sequer, querer ver a moto. “Fiquei debaixo dela (moto)”. Com mais ou menos quedas, nunca mais parou. “É que agora já sei o que ela (a moto) é, se for muito ligeira e bater nalgum sítio vira-se de repente”. Agora, JÁ vira num caminho estreitinho, “viro mesmo bem”, frisa.  
   

(Escrito por Glória Lopes )  

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Adorei a reportagem inserida nos Telejornais da SIC, que resolvi ir 

descobrir mais informação sobre o assunto.

Vivam os Babenses e... prá frentex !!!

1 comentário:

  1. Vivammmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmque assim tb viverei!!! Mas não tenho moto4...qd lá vou caminho com as minhas sapatilhas "todo o terreno".

    Obrigada Joe por inserir aqui notícia sobre a minha aldeia...já tínhamos postado tb no Babe...acho!

    Bjs e votos de bom Domingo. Aqui a chuva ameaça

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