sábado, 18 de outubro de 2008

Estados de espírito


Afectos possessivos
Passa o tempo devagar
naquele relógio que aparafusei na cabeça
e nada sei ainda!

Então pergunto sem cessar
Se estou certa...

Se este medo tem alguma razão de ser...
Se estas lágrimas ainda fazem algum sentido.

Depois lembro-me dos sorrisos
que já galoparam em cima dos ponteiros
quando os sonhos tinham o aroma dos nossos passo
se não encontro motivos
para que a areia hoje esteja assim tão salgada.

Já nem vejo o mar à minha frente
porque agora os meus olhos
preferem a melancolia de um rio
para pintarem tranquilamente o seu pranto...

Então, porque sabem a sal os meus dedos?

Estou enjoada...

E sempre que os meto à boca,
apetece-me vomitar com esta caneta seca
todas as palavras salgadas
que me dão a volta ao estômago,
porque este silêncio amargo e doce dá-me vómitos.

(Daniela Pereira)

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