quinta-feira, 22 de julho de 2010

Esperei, e tu não vieste, afinal... nunca tinhas partido...


O Sangue das Palavras


Invento-te recordo-te distorço
a tua imagem mal e bem amada
sou apenas a forja em que me forço
a fazer das palavras tudo ou nada.

A palavra desejo incendiada
lambendo a trave mestra do teu corpo
a palavra ciúme atormentada
a provar-me que ainda não estou morto.

E as coisas que eu não disse? Que não digo:
Meu terraço de ausência meu castigo
meu pântano de rosas afogadas.

Por ti me reconheço e contradigo
chão das palavras mágoa joio e trigo
apenas por ternura levedadas. 


(Ary dos Santos)

1 comentário:

  1. Ary sabia...Ary escrevia sem ameias.
    Bjs Joe e votos de boa semana.

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