Ainda o Alentejo. Ainda as pessoas e a sua essência, ainda a simplicidade como se coisa comum, a simplicidade desarmante, as pessoas elas mesmas, as pessoas, capazes de gestos leves e palavras puras, encantadoras, as pessoas a significarem-se a elas mesmas, sem metáforas, sem eufemismos, sem qualquer figura de estilo, sem máscaras, as pessoas de braços abertos, as pessoas celebrando os minutos, as horas, os dias, saboreando cada pedaço de vida, aceitando-a numa paz de fazer inveja, apaixonantes, fascinantes, as pessoas como derradeiro significado da palavra beleza, inesquecíveis.
Ainda o Alentejo. Ainda o amanhecer feito paleta de cores, feito pintura de museu, obra-prima de um mestre esquecido, ainda as tardes de silêncio, enormes, tardes quentes de um tempo parado, tardes eternas que mergulham sem aviso num escuro de brilhantes, num escuro de pérolas suspensas no ar, vagueando em cima das almas que se estendem para elas, numa admiração horizontal, numa admiração de criança, num reencontro com os fascínios que não deveria nunca acabar, ou pensando melhor, que nunca acaba, ou não fosse o Alentejo a terra onde ninguém vai, mas onde toda a gente regressa. A si.
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PS: Obrigado, Marco, pelo texto tão cheio de sensibilidade. Sabe sempre bem ler estas palavras.
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