A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida. É
preciso encontrar as coisas certas da vida, para que ela tenha o sentido que se
deseja. Assim, a escolha de uma profissão também é a arte do encontro, porque a
vida só adquire vida, quando a gente empresta a nossa vida, para o resto da
vida.
Há canções que nos dizem coisas essenciais à vida e ao coração. O belo Samba da Bênção
de Vinicius de Moraes é uma dessas preciosidades. Um de seus tão
significativos versos diz: “A vida é a arte do encontro, embora haja tanto
desencontro pela vida”. Encontrarmo-nos de
verdade com alguém é muito
mais do que compartilhar tempo e espaço, é de fato uma arte que nos faz mais
fortes, mais humanos e mais autênticos no decorrer da nossa existência.
Junto
com outra pessoa nos deparamos não só com ela, mas conosco; temos oportunidade
– se tivermos a coragem e sensibilidade da observação – de dar-nos conta de como
somos na relação com o outro, no nosso melhor e no
nosso pior. Quem nunca teve essa vivência de estar
junto e simplesmente ser o
que se é, vendo o outro como ele é também? Num momento fugaz sentimos – e não
sabemos explicar racionalmente – que as fronteiras entre o Eu e o Tu se dissipam, que é como se fôssemos um
só. Depois isso passa – normalmente num lampejo – e seguimos em nossa
individualidade, com a sensação de que fomos tocados na nossa alma...
Divisa
Um encontro de dois: olhos nos olhos, face a face.
E quando estiveres perto, arrancarei teus olhos
E os colocarei no lugar dos meus;
Arrancarei os meus olhos
E os colocarei no lugar dos teus.
Então ver-te-ei com os teus olhos
E tu me verás com os meus.
Assim, até a coisa comum serve ao silêncio
E o nosso encontro permanecerá meta sem cadeias:
Um lugar indeterminado, num tempo indeterminado,
Uma palavra indeterminada para um homem indeterminado,
“a palavra ilimitada para o
homem não cerceado”
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PS: Sabe bem falar destes “encontros da paixão”, avassaladores, em que
“vale tudo, menos tirar olhos”, como é costume dizer-se entre nós “portugueses”
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